Colunista da Folha e doutor em economia diz que funcionalismo é culpado pela crise e deve perder direitos adquiridos, como a estabilidade
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Da Redação | Em artigo publicado hoje (13) na Folha de S.Paulo (Quem vai pagar a conta?), o colunista Marcos Lisboa diz que a crise no país foi causada por benefícios concedidos aos servidores públicos, como regras vantajosas na aposentadoria, reajustes salariais acima da inflação e direito à estabilidade, isto é, a não ser demitido sem justa causa. Além de colunista da Folha, Lisboa é doutor em economia pela Universidade da Pensilvânia e presidente do Insper.
Ele diz textualmente no artigo: "As regras da Previdência dos servidores públicos e os reajustes salariais acima da inflação na última década resultaram no elevado crescimento da despesa pública, muito acima do aumento da renda nacional". (Grifo nosso).
Sobre a estabilidade e direitos adquiridos, afirma: "Será inevitável debater direitos adquiridos e normas como a estabilidade dos servidores públicos". (Grifo nosso).
E aproveita para achincalhar o funcionalismo do Rio: "As corporações públicas no Rio de Janeiro invadem a Assembleia Estadual e demandam que o restante da sociedade pague pelos seus benefícios. Resta saber quem terá os seus direitos reduzidos: as corporações ou a sociedade?" (Grifos nossos).
O que ele tenta provar, em vão, é que as chamadas 'corporações' (servidores públicos, no caso) não fazem parte da sociedade, sobretudo quando se trata de 'invasores', como ele os chama. Com isso, sórdida e covardemente, tenta jogar uns contra os outros.
Na verdade, o texto de Lisboa é só mais uma peça de campanha da chamada "grande" mídia que, a serviço do governo Temer, tenta diariamente convencer a opinião pública de que todos os atuais graves problemas nacionais foram provocados pelo funcionalismo da União, estados e municípios, que teriam direitos e vantangens demais em relação ao setor privado.
Por essa lógica, além de perder a estabilidade, para resolver o problema da crise os servidores públicos têm que engolir também a ideia de mais arrocho salarial e até devolução de ganhos acima da inflação. Pasmem.
Isto sem falar na elevação da idade mínima para aposentadoria, 65 anos, homens e mulheres. E no aumento da contribuição mensal previdenciária, coração da reforma proposta por Temer e sua equipe econômica.
O que Marcos Lisboa não diz em seu artigo, contudo, é que União, estados e municípios passam por dificuldades porque isentam grandes empresários de pagar impostos e destinam quase 50% dos seus orçamentos para pagar juros a agiotas da dívida pública.
E Lisboa, espertamente, sequer toca também de forma direta na real ferida do serviço público ou outros gastos escandalosos às custas do erário. Não fala nos altíssimos salários e mordomias de juízes e desembargadores nem nas incontáveis benesses de presidente, vice, ministros, governadores, prefeitos, senadores e demais parlamentares e altos burocratas em geral.
Ao misturar, indistintamente, pequenos com grandalhões visa, sub-repticiamente, proteger os últimos e expor os primeiros, que têm dificuldades de defesa.
O senhor Marcos Lisboa não passa, enfim, de mais um doutor embusteiro. E que precisa ser denunciado, política e publicamente. Os servidores públicos é que não podem e nem devem pagar a conta.