Eleição do golpista Maia torna ainda muito mais difícil o retorno de Dilma ao Planalto
Por Fernando Burlamaque e Esther Freitas, Brasília | A eleição do golpista Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a Câmara dos Deputados torna ainda muito mais difícil o retorno da presidenta Dilma Rousseff (PT) ao Palácio do Planalto. Setores do PT e PC do B, que deram apoio a esse 'democrata', parece que não atentaram a alguns fatos.
Maia é um político assumidamente liberal, adepto de privatizações e defensor de políticas conservadoras, como por exemplo a criminalização do aborto e do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Nem de longe, contudo, se assemelha a um espalhafatoso Jair Bolsonaro (PSC-Rio) quando advoga em defesa das teses que acredita.
Em 2007, por exemplo, declarou à revista Istoé que "A ideia do liberalismo puro não foi vitoriosa no mundo, é preciso aceitar isso". E defendeu também nessa revista um Estado "Garota de Ipanema, enxuto, sem gordura, mas organizado para suas tarefas essenciais". Em 2012, ao Jornal O Dia afirmou que é contra o casamento gay mas a favor da união civil entre pessoas do mesmo sexo; contra o aborto mas respeita os casos onde a legislação brasileira permite.
Com esse perfil mais comedido e "aberto ao diálogo", que encantou até muitos petistas e comunistas do PC do B nas eleições da Câmara, Maia tende a se tornar uma "espécie de autoridade nacional mais 'palatável' à população". Assim, tem chances de defender com certa facilidade todas as medidas reacionárias do golpista Temer sem no entanto impingir ao mesmo o desgaste natural que isso traria caso o comandante da Câmara fosse Eduardo Cunha ou mesmo Rogério Rosso, aliado deste no recente processo eleitoral daquela casa legislativa.
Isto, evidentemente, trará um clima de 'estabilidade' ao Palácio do Planalto. Michel Temer passa a ter na Câmara um advogado mais 'respeitável', que transita com desenvoltura inclusive entre os oposionistas ao governo. Na reta final de definição do processo golpista do impeachment, tal quadro de 'normalidade' pode ser a pá de cal no retorno de Dilma à presidência.
É preciso considerar também, por fim, que Rodrigo Maia é um dos principais articuladores do golpe contra a presidenta Dilma e o PT. E é também defensor do mandato ilegítimo de Temer, tal como declarou em suas falas antes e depois das eleições da Câmara. Agora, como um dos homens mais poderosos do país, o que o PT e o PC do B creem mesmo que Maia fará?