Por Lucília Ramos, São Paulo | Quando foi prefeita de São Paulo pelo PT, a deputada federal Luiza Erundina reprimiu violentamente em 1992 uma greve de rodoviários nessa cidade. A agora integrante do PSOL é candidata novamente à prefeitura da maior cidade do país e está muito bem posicionada nas pesquisas eleitorais. 

Pergunta-se: a hoje psolista está arrependida por ter atacado os trabalhadores? Existe alguma auto crítica pública sua em relação a isso ou, caso eleita, Erundina vai reprimimir novamente greves da classe trabalhadora?

Desculpa perigosa a serviço da direita

Tal questão merece no mínimo um pouco de cuidado por parte dos dirigentes do PSOL e dos seus militantes de forma geral. Para reprimir a greve dos rodoviários, Erundina buscou à época apoio "filosófico" na filósofa e professora da USP Marilena Chauí. 

Chauí aconselhou Erundina a reprimir o movimento grevista sob o estranho argumento "ético" (para quem se diz de esquerda) de que "os rodoviários com sua greve estavam prejudicando os demais trabalhadores. Disse que "devido ao movimento grevista, estes ficavam impedidos de chegar no horário certo em seus trabalhos".

Imagine, por exemplo, uma greve na indústria de papel higiênico e outros produtos de limpeza pessoal. O gestor de plantão pode perfeitamente alegar que o movimento é áetico e ilegal porque os outros trabalhadores estão impedidos de se limparem quando forem ao banheiro. A matéria seria inclusive destaque em programas de humor tipo Casseta & Planeta.

Na prática, com sua ação Erundina ajudou a frear uma luta justa e abriu o caminho para a privatização da CMTC. E o mais grave: deu a dica para que os agentes da direita reprimam de "forma racional e ética" as lutas dos trabalhadores. O PSDB e todos os partidos de direita ainda hoje agradecem e aplicam esse "ensinamento" da gestão de Erundina.

A candidata, na nossa opinião um bom nome para a cidade, deveria se explicar sobre essa questão. Ou o PSOL crê que o povo já esqueceu ou que isso nada representa?