Temer é agora cada vez mais refém de cunha e pode se dar muito mal
Por Fernando Sampaio, Brasília | Apesar da voz embargada e as lágrimas nos olhos, Eduardo Cunha (PMDB) não renunciou à presidência da Câmara porque se convenceu de que seu auge chegou ao fim. Não. A renúncia de Eduardo Cunha é parte de um complô para livrá-lo da cadeia e consolidar o golpe de Estado ora em curso no país. E Michel Temer é peça chave nessa armação.
De acordo com O Globo (08.07), Cunha recuou da presidência porque obteve de Temer a garantia de que conseguiria manter seu mandato de deputado federal. Com isso, preserva o foro privilegiado e evita ser julgado em Curitiba, pelo juiz Sergio Moro. Trato foi selado pessoalmente entre o próprio interino e Eduardo Cunha, em recente visita feita por este ao Palácio do Planalto.
Como andamento dessa tramoia, aliados de Temer e com o seu aval já providenciam na Câmara artíficios para livrar Cunha da cassação. Um pedido à Comissão de Justiça foi feito para que seu processo retorne à Comissão de Ética, o que poderá garantir a permanência do seu mandato.
Todas as embaixadas de Michel Temer a partir de agora para livrar Cunha da forca o torna cada vez mais refém deste deputado, um homem-bomba com muita munição para implodir primeiro a cabeça do próprio presidente ilegítimo. Caso fracasse em sua tarefa, Temer sabe que não apenas Eduardo Cunha voará pelos ares. Neste sentido, um beijo na mão não é nada diante da troca de favores que se articula entre os golpistas.