Veja exemplo de como a Globo, de forma sutil, ajuda o governo a acabar a aposentadoria especial dos professores
22/10/2016 12:41
Da Redação | Manchete estampada neste sábado (22) em O Globo diz:
"Para cada professor que entrou na rede estadual nos últimos 9 anos, 26 se aposentaram"
Matéria se refere aos docentes da Rede Estadual do Rio de Janeiro e visa, como veremos mais abaixo, defender de forma sutil a proposta do governo Dornelles-Pezão de acabar com a aposentadoria especial dos professores, algo inclusive que o governo Temer quer fazer em todo o país com a sua reforma da previdência.
Logo no primeiro parágrafo, O Globo busca aprofundar o dado alarmante exposto no título e afirma que enquanto em nove anos o estado contratou 769 novos profissionais, no mesmo período, 20.120 professores do estado se aposentaram.
Lendo assim, qualquer pessoa desavisada pode concluir que é preciso inibir as aposentadorias, pois a proporção entre ativos e aposentados é muito alta. Ou seja, seria preciso acabar com a aposentadoria especial da categoria.
No segundo parágrafo, O Globo dá espaço a Reges Moisés dos Santos, chefe da Rioprevidência, para que ele amplie o discurso contra a aposentadoria especial dos professores.
Santos diz então que essa relação de 1 da ativa para 26 aposentados se dá porque professores e professoras se aposentam mais cedo que os demais trabalhadores.
E reforça: homens com 30 anos de serviço e 55 de idade, e mulheres com 50 anos de idade e 25 de serviço.
Para dar ainda mais peso à tese de que a posentadoria especial dos professores deve ser extinta, O Globo expõe a fala de um "professor" especialista em previdência - Kaizô Beltrão - e fecha com outro "estudioso" do assunto, Darcy Francisco Carvalho dos Santos. Os dois são taxativos: tem de acabar!
Para tentar disfarçar, o jornal dos marinhos dá um pequeno espaço a Marta Paes, Coordenadorara do SEPE-Rio de Janeiro, que obviamente se posicionou contra a medida.
Entretanto, o que o O Globo não explica em nenhum momento de sua matéria é que se há tamanha disparidade entre o número de ativos e o de aposentados é porque os governos, ao longo dos tempos, deixam de contratar na mesma medida das aposentadorias, como manda a lei.
"É óbvio que isso cria uma enorme disparidade", diz Luiz C Mendes, especialista em previdência. "Assim, o problema não é a aposentadoria especial dos professores, mas sim as más gestões dos governos", conclui.
É preciso considerar, no entanto, que a chamada "grande" mídia, apesar de toda a sua retórica sofisticada e sutil, não consegue esconder que tem um lado. E é o lado do governo.
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